Quero estar onde está você

Viajar, nunca mais perder
Trivela em dia de aniversário não tem preço. Ainda mais quando se fala na última Trivela da década.

Tá bom, eu tenho que assumir que sempre fui agraciada com a presença do Asa de Águia em meu aniversário. Anos atrás o extinto Recifolia sempre caia no último fim de semana de outubro. Hoje em dia é a trivelinha que sempre acontece na mesma data. Não sei o que acontece, mas eu prefiro acreditar naquelas duas máximas: o universo sempre conspira a seu favor e energia boa sempre atrai mais energia boa.

Chamar de trivelinha não é desmerecer o tamanho da festa – que por sinal está mais para trivelona – o diminutivo funciona mais como um recurso linguístico que representa carinho, afeição, apreço. A Trivela é um verdadeiro xodó para quem acompanha o trabalho do Asa de Águia e não é diferente para mim. Sem dúvida é a criação do Durval que mais gosto. A sensação de acolhimento que a festa transmite é algo contagiante. Em minha opinião, o slogan para a Trivela deveria ser assim: "Você vai querer ir de novo".

Pois bem, as minhas impressões sobre a Trivela Recife 2010 são as melhores. Há quem diga que as edições da festa em Recife estão entre as melhores. Eu não posso afirmar de fato porque só conheci as edições do Nordeste, nunca estive em uma Trivela na região Sudeste ou Centro Oeste, mas posso dizer que apresentações do Asa como as do Recife são difíceis de encontrar.

Não é a toa que Durval reserva parte do tempo do evento enviando seu alô pra galera de vários estados do Brasil. A Trivela Recife congrega foliões do país inteiro. Se isso acontece é porque a festa é boa, não é? Ontem, 30 de outubro de 2010, era um tal de abraço para galera de Fortaleza, abraço pra galera de Natal, João Pessoa, Campina Grande, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e teve até gaúcha de Porto Alegre “pescada” para subir na Trivela. É gente dos quatro cantos do país reunidos em um só lugar.

Estava eu lá com minha câmera em punho registrando todos os momentos tão especiais. É engraçado quando você pensa que esqueceu algumas letras e lá, no calor do momento, não só as letras retornam a sua cabeça, mas também uma série de outras importantes lembranças.

Cada música é uma memória, uma lembrança boa. Não tem nenhuma música do Asa atrelada a qualquer momento ruim da minha vida, só coisa boa. Quando ouço Durval cantar ao vivo, ali na minha frente, meu coração se enche de alegria por tudo aquilo de bom que vivi e por todas as boas pessoas que conheci através do Asa.

No próprio aniversário então, você começa a olhar pra trás e ver o quanto evoluiu e amadureceu. É a partir daí que começam a se destacar em sua memória os momentos e as pessoas que te ajudaram a crescer. O Asa e as pessoas que cruzaram meu caminho me inspiraram, me ajudaram e continuam me ajudando a crescer ainda hoje. Pode ter certeza que a maioria das escolhas que fiz na vida foram inspiradas por coisas que podem ser facilmente relacionadas ao Asa de Águia. Tenho em Durval um grande exemplo de profissional e principalmente de pessoa que acredita no que faz e faz bem feito. Acho que essas duas virtudes são os primeiros passos para o sucesso em tudo na vida. Adotei como estilo de vida para mim também. Ainda não consegui chegar ao seu nível de profissionalismo e disciplina, mas continuarei sempre tentando.

É bom demais ouvir “Batata” e lembrar-se daquelas Micarandes quando era adolescente e o abada batia quase no pé. Ouvir “Me Liga” e lembrar-se daquele carnaval passado em Salvador numa aventura gigantesca ao lado de amigos do país inteiro que só se encontravam pessoalmente por lá. Ouvir “O Lobo” e lembrar-se de toda a história da música e dos esforços que foram feitos para encontrar o compositor e finalmente incluir a música no repertório do Sou Asa, de 2004. Maravilha é perceber que uma das suas músicas favoritas “Vai Começar” agora faz parte do repertório graças ao esforço da nova geração de fãs empenhados, com suas “plaquinhas” pedindo a música. Melhor ainda é ver Durval atendendo aos pedidos. Lembrei de quando levei a cifra da mesma música no Recifolia do ano 2000 e Durval comentou que precisava ensaiar antes de tocar e eu obviamente respeitei o argumento dele, bastante justo. E não dá pra deixar de lembrar do primeiro show, em 1994, e dos acordes iniciais de “Com Amor”. É tanta lembrança que dá pra escrever um livro. Bate lá dentro uma sensação gostosa do tipo “eu vivi isso tudo”.

Também não dá pra deixar de encher o rosto de sorrisos quando se escuta a música em que apostou todas as fichas e que foi escolhida para ser a música de trabalho para o próximo carnaval. “Anjo Bebê” é fantástica. A letra é composta por frases lindas e uma levada pra lá de animada. Rolou ontem e, pela animação do público, agradou bastante. Não sai da minha playlist.

E pra fechar o baú de lembranças vem Durval, acompanhado pelos acordes de sua guitarra, cantando bem devagar: “Você me levou... um bicho de seda...” Aí já viu, né? Lembro perfeitamente do Recifolia em que Durval anunciou que estava compondo um hino para o bloco Maluco Beleza e começou a tocar aquele que seria um dos hinos de bloco mais executados ao lado de “Batata”, “Rio Elétrico” e “Tucuxi”.

Foi assim que eu me senti ontem, imensamente feliz por estar ali presente. Só posso deixar registrado o meu muito obrigada!

Karla Vidal (Recife/ PE)